Dormir é fundamental
Restaura as energias e aumenta a capacidade de aprendizado. Além disso, é durante o sono que o corpo produz o hormônio do crescimento. Razões mais do que suficientes para que se respeite a quantidade de horas de sono diária? Com certeza. Mas, na prática, nem sempre isso acontece. "Os pais estão chegando do trabalho cada vez mais tarde, o que acaba espremendo o horário do sono das crianças, que têm agendas cheias e hora para acordar", alerta o pediatra Gustavo Moreira, especializado em problemas do sono, do Hospital Albert Einstein. A flexibilização na hora do boa-noite - aliada ao fato de que as crianças naturalmente adoram dar uma esticadinha no dia - vem tornando a tarefa de colocar os filhos na cama uma verdadeira batalha em muitas casas.
Ensine a criança
Para a neuropediatra Márcia Pradella Hallinan, coordenadora do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo, quando não há distúrbios de sono, o problema costuma estar associado à falta de limites ou da consciência de que é preciso, sim, ensinar as crianças a dormir. "Elas não costumam deixar de lado a brincadeira e entrar na cama espontaneamente quando estão cansadas. Cabe aos pais impor as regras, observando sinais de cansaço como coçar os olhos, a orelha e olhar para o vazio", diz.
Como saber se o seu filho está dormindo o suficiente? Segundo os especialistas, um recém-nascido dorme em média de 16 a 19 horas por dia. Entre 2 e 3 meses, o bebê dorme de 13 a 15 horas (cerca de cinco horas durante o dia e o restante à noite). Dos 6 aos 12 meses, o tempo de sono gira em torno de 12 a 14 horas e passa para 10 a 12 horas entre 1 e 6 anos. A partir de 6 anos, a criança precisa dormir de oito a dez horas e, na adolescência, na fase do estirão, essa necessidade pode aumentar até uma hora. São padrões calculados a partir da média da população, pois a necessidade de sono varia de acordo com a criança. Os pais precisam ficar atentos. Irritação, agressividade, choro por qualquer coisa, declínio no desempenho escolar podem ser sinais de falta de sono. "Dormir mais horas no final de semana do que nos outros dias pode indicar que a criança está tentando fazer uma compensação", afirma Moreira.
Ajustes possíveis
Se a criança vai dormir tarde para ficar com os pais e não compensa o sono pela manhã porque tem de acordar cedo, o ideal é fazer o possível para que essas horas sejam compensadas durante o dia. "Funciona bem até uns 3 ou 4 anos, apesar de que há casos de crianças que dormem à tarde até os 6 anos", diz Moreira. Quando eles crescem e não querem mais dormir à tarde, não há jeito: ou têm de dormir mais cedo ou acordar mais tarde.
Um bom ritual na hora de dormir é fundamental para aqueles que brigam com o sono, aconselham os especialistas. Essa rotina ajuda a relaxar e a adormecer, uma vez que, hoje em dia, as crianças dificilmente vão dormir no horário biológico ideal - quando começa a escurecer e os níveis de melatonina, hormônio que funciona como um gatilho para o sono, estão em sua maior concentração.
Uma dica é puxar o breque de mão cerca de uma hora antes de apagar as luzes. "Mesmo com pouco tempo, dá para curtir os filhos desenhando, contando história ou montando um quebra-cabeças, sem apelar para brincadeiras agitadas. Muitos pais não dão importância ao ritual de desaceleração e depois não compreendem porque o filho demora a dormir", diz Moreira.
O ritual também ajuda a lidar com as desculpas mais comuns dos pequenos para adiar o sono. Como uma incontrolável e repentina dor (coincidentemente bem na hora de apagar a luz, todos os dias!), uma vontade sem fim de fazer xixi ou de beber água. Essa lengalenga é normal de vez em quando. Não pode é virar rotina. "Às vezes, meu filho tem a súbita lembrança, bem na hora de apagar a luz, de que ele se esqueceu de me contar algo muito importante. Mas normalmente, depois do banho nós jantamos, as crianças às vezes assistem um pouco à televisão, conto uma história (não são duas nem três) e aí eles já sabem que é hora de dormir", conta a empresária Nina Fiss, 35 anos, mãe de Julia, 10 anos e Victor, 8 anos.
Família cansada
Outro problema que acaba com o sono de todos na casa são as crianças que acordam a noite toda. "A maioria desses casos tem origem no adormecer incorreto. Pais que ensinam o bebê a dormir no colo, no carrinho, com mamadeira criam uma muleta", diz Moreira. A situação se complica porque há várias fases do sono durante a noite. Quando a criança passa de uma para outra, o sono fica mais leve e ela pode despertar e precisar da ajuda dos pais para reiniciar o sono.
O ideal é que esse aprendizado comece o mais cedo possível. Ensine o bebê a dormir sozinho no berço. O certo é sair do quarto enquanto a criança está sonolenta, mas não dormindo. Se for o caso, demonstre com firmeza ao seu filho que madrugada não é hora de brincar, caso ele acorde freqüentemente com essa intenção. "Se ele tiver dificuldade de conciliar o sono sozinho, objetos prediletos, como bonecos ou fraldinhas, costumam ser bem úteis, assim como uma luz fraquinha de tomada", recomenda Márcia.
Nem é preciso dizer que toda vez que a criança chora, os pais têm vontade de atendê-la imediatamente. Mas os especialistas sugerem que se esperem alguns instantes antes de sair voando para o berço. "Muitas vezes é só um resmungo e eles só precisam de um tempinho para voltar a dormir", diz Moreira.
Não é só a quantidade do sono que importa
Conta também a qualidade. Certos distúrbios podem deixar marcas, como defeitos permanentes no cérebro pela morte dos neurônios. "Crianças que sofrem de apnéia, problema respiratório que prejudica a oxigenação e cujo sinal mais evidente é o ronco, podem dormir a noite inteira, sem passar por todos os estágios do sono importantes para o desenvolvimento", diz o pediatra Moreira. Ele lembra de um estudo realizado no final da década de 90, que analisou a qualidade do sono das crianças com pior desempenho na escola. "Se em geral 10% da população ronca, nesse grupo 20% roncavam", afirma o pediatra.
revistacrescer
Restaura as energias e aumenta a capacidade de aprendizado. Além disso, é durante o sono que o corpo produz o hormônio do crescimento. Razões mais do que suficientes para que se respeite a quantidade de horas de sono diária? Com certeza. Mas, na prática, nem sempre isso acontece. "Os pais estão chegando do trabalho cada vez mais tarde, o que acaba espremendo o horário do sono das crianças, que têm agendas cheias e hora para acordar", alerta o pediatra Gustavo Moreira, especializado em problemas do sono, do Hospital Albert Einstein. A flexibilização na hora do boa-noite - aliada ao fato de que as crianças naturalmente adoram dar uma esticadinha no dia - vem tornando a tarefa de colocar os filhos na cama uma verdadeira batalha em muitas casas.
Ensine a criança
Para a neuropediatra Márcia Pradella Hallinan, coordenadora do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo, quando não há distúrbios de sono, o problema costuma estar associado à falta de limites ou da consciência de que é preciso, sim, ensinar as crianças a dormir. "Elas não costumam deixar de lado a brincadeira e entrar na cama espontaneamente quando estão cansadas. Cabe aos pais impor as regras, observando sinais de cansaço como coçar os olhos, a orelha e olhar para o vazio", diz.
Como saber se o seu filho está dormindo o suficiente? Segundo os especialistas, um recém-nascido dorme em média de 16 a 19 horas por dia. Entre 2 e 3 meses, o bebê dorme de 13 a 15 horas (cerca de cinco horas durante o dia e o restante à noite). Dos 6 aos 12 meses, o tempo de sono gira em torno de 12 a 14 horas e passa para 10 a 12 horas entre 1 e 6 anos. A partir de 6 anos, a criança precisa dormir de oito a dez horas e, na adolescência, na fase do estirão, essa necessidade pode aumentar até uma hora. São padrões calculados a partir da média da população, pois a necessidade de sono varia de acordo com a criança. Os pais precisam ficar atentos. Irritação, agressividade, choro por qualquer coisa, declínio no desempenho escolar podem ser sinais de falta de sono. "Dormir mais horas no final de semana do que nos outros dias pode indicar que a criança está tentando fazer uma compensação", afirma Moreira.
Ajustes possíveis
Se a criança vai dormir tarde para ficar com os pais e não compensa o sono pela manhã porque tem de acordar cedo, o ideal é fazer o possível para que essas horas sejam compensadas durante o dia. "Funciona bem até uns 3 ou 4 anos, apesar de que há casos de crianças que dormem à tarde até os 6 anos", diz Moreira. Quando eles crescem e não querem mais dormir à tarde, não há jeito: ou têm de dormir mais cedo ou acordar mais tarde.
Um bom ritual na hora de dormir é fundamental para aqueles que brigam com o sono, aconselham os especialistas. Essa rotina ajuda a relaxar e a adormecer, uma vez que, hoje em dia, as crianças dificilmente vão dormir no horário biológico ideal - quando começa a escurecer e os níveis de melatonina, hormônio que funciona como um gatilho para o sono, estão em sua maior concentração.
Uma dica é puxar o breque de mão cerca de uma hora antes de apagar as luzes. "Mesmo com pouco tempo, dá para curtir os filhos desenhando, contando história ou montando um quebra-cabeças, sem apelar para brincadeiras agitadas. Muitos pais não dão importância ao ritual de desaceleração e depois não compreendem porque o filho demora a dormir", diz Moreira.
O ritual também ajuda a lidar com as desculpas mais comuns dos pequenos para adiar o sono. Como uma incontrolável e repentina dor (coincidentemente bem na hora de apagar a luz, todos os dias!), uma vontade sem fim de fazer xixi ou de beber água. Essa lengalenga é normal de vez em quando. Não pode é virar rotina. "Às vezes, meu filho tem a súbita lembrança, bem na hora de apagar a luz, de que ele se esqueceu de me contar algo muito importante. Mas normalmente, depois do banho nós jantamos, as crianças às vezes assistem um pouco à televisão, conto uma história (não são duas nem três) e aí eles já sabem que é hora de dormir", conta a empresária Nina Fiss, 35 anos, mãe de Julia, 10 anos e Victor, 8 anos.
Família cansada
Outro problema que acaba com o sono de todos na casa são as crianças que acordam a noite toda. "A maioria desses casos tem origem no adormecer incorreto. Pais que ensinam o bebê a dormir no colo, no carrinho, com mamadeira criam uma muleta", diz Moreira. A situação se complica porque há várias fases do sono durante a noite. Quando a criança passa de uma para outra, o sono fica mais leve e ela pode despertar e precisar da ajuda dos pais para reiniciar o sono.
O ideal é que esse aprendizado comece o mais cedo possível. Ensine o bebê a dormir sozinho no berço. O certo é sair do quarto enquanto a criança está sonolenta, mas não dormindo. Se for o caso, demonstre com firmeza ao seu filho que madrugada não é hora de brincar, caso ele acorde freqüentemente com essa intenção. "Se ele tiver dificuldade de conciliar o sono sozinho, objetos prediletos, como bonecos ou fraldinhas, costumam ser bem úteis, assim como uma luz fraquinha de tomada", recomenda Márcia.
Nem é preciso dizer que toda vez que a criança chora, os pais têm vontade de atendê-la imediatamente. Mas os especialistas sugerem que se esperem alguns instantes antes de sair voando para o berço. "Muitas vezes é só um resmungo e eles só precisam de um tempinho para voltar a dormir", diz Moreira.
Não é só a quantidade do sono que importa
Conta também a qualidade. Certos distúrbios podem deixar marcas, como defeitos permanentes no cérebro pela morte dos neurônios. "Crianças que sofrem de apnéia, problema respiratório que prejudica a oxigenação e cujo sinal mais evidente é o ronco, podem dormir a noite inteira, sem passar por todos os estágios do sono importantes para o desenvolvimento", diz o pediatra Moreira. Ele lembra de um estudo realizado no final da década de 90, que analisou a qualidade do sono das crianças com pior desempenho na escola. "Se em geral 10% da população ronca, nesse grupo 20% roncavam", afirma o pediatra.
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