Conheça as causas que estão por trás desse problema constrangedor e veja como combatê-las
Assim que recebeu o diagnóstico de halitose (ou mau hálito), a técnica em enfermagem Jacira Alves Domingues Pereira, de 53 anos, foi correndo perguntar se marido já havia notado alguma alteração. Ele, meio sem graça, disse que sim, ressaltando que só não a avisou por medo de chateá-la.
Compreensível, certo? O problema é que quem tem halitose – cerca de 30% da população brasileira – não consegue sentir o cheirinho ruim que sai da própria boca, o que pode gerar graves conseqüências, como a dificuldade de se relacionar socialmente.
Enxaguatório bucal: efeito limitado contra o mau hálito
Afinal, o que é halitose?
Antes de tudo, é preciso esclarecer que mau hálito não é uma doença, e sim um sintoma de que algo no organismo não vai bem. “Existem mais de 70 causas para a halitose, sendo que as de origem bucal correspondem a 90% dos casos”, conta Maurício Duarte da Conceição, dentista e proprietário da clínica Halitus, da capital paulista.
A saburra lingual, uma placa bacteriana que deixa a língua com um aspecto esbranquiçado, é um dos principais inimigos do hálito fresco. As doenças gengivais, como gengivite e periodontite, e a produção insuficiente de saliva (o “detergente” natural da boca) também costumam prejudicar o hálito.
Nas vias aéreas superiores estão outros grandes responsáveis pelo mau hálito: são os cáseos amigdalianos. Essas pequenas bolinhas brancas ficam alojadas nas cavidades das amígdalas e exalam um dor bem forte, daqueles que nem chiclete e bala conseguem disfarçar.
De acordo com o especialista da Halitus, o processo de formação dos cáseos e da saburra é bastante semelhante: “Os dois casos surgem por conta de uma produção insuficiente de saliva ou pela descamação da boca”. Como os minúsculos pedaços de pele que se desprendem do lábio ou bochechas são verdadeiros banquetes para as bactérias, elas acabam se proliferando por ali e provocando aquele estrago no hálito.
Falta de higiene?
Engana-se quem pensa que halitose é sinônimo de descuido na limpeza dos dentes. “Quem apresenta mau hálito geralmente tem uma higiene excelente! Só que a boa escovação não garante o bom odor. Aliás, quem escova os dentes excessivamente pode até lesionar a gengiva, um fator que favorece o desenvolvimento de halitose”, ressalta Ana Christina Kolbe, dentista e presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca, em Salvador (BA).
Por isso, os profissionais frisam que, mais importante do que realizar a escovação com frequencia, é fazê-la de forma correta. Jacira aprendeu isso na prática, literalmente: “Costumo dizer que demorei 53 anos para aprender a higienizar minha boca.”, diverte-se. Ela confessa que às vezes bate preguiça de fazer todo o processo e, por isso, é preciso ter muita disciplina e força de vontade para não relaxar.
De acordo com Ana Christina, um hábito que poucas pessoas têm e representa papel fundamental na prevenção da halitose é limpar a língua. “Trata-se do maior nicho de bactérias existente na boca. Para se ter ideia, uma gotinha de saliva contém mais de 3 mil microorganismos. O pior é que eles podem migrar para outras partes do corpo e causar danos gravíssimos”, lembra a dentista. Como há técnicas e produtos específicos para cuidar dessa área, recomenda-se procurar um profissional para ensinar a executar a tarefa.
Além de orientar o paciente com relação à limpeza completa, o dentista precisa auxiliá-lo no aspecto emocional. “É muito comum atendermos pessoas que não apresentam halitose, mas juram que têm o problema. Por outro lado, também tem aqueles que conseguem se livrar do quadro, mas sempre acham que o cheiro forte voltou”, conta o especialista de São Paulo. Por isso, ele aponta a importância de o profissional tratar não só o mau hálito como também a segurança do paciente.
Sinal de problema
Se o hálito matador aparece sempre ao acordar, não há motivos para pânico: isso é supernormal! “Por causa do jejum prolongado, o nível de açúcar no sangue fica muito baixo. Na falta dele, o organismo começa a queimar gordura para gerar energia e esse processo resulta na liberação de um cheiro ruim pela respiração”, descreve o proprietário da Halitus, mostrando por que é praticamente impossível despertar com um hálito de menta!
Por outro lado, os dentistas ressaltam que o odor forte deve passar após a alimentação e a higienização oral. “Se permanecer, o melhor é o procurar por ajuda profissional”, avisa a presidente da ABPO-BA. Vale lembrar que ficar mais de três horas sem se alimentar também é considerado quadro de jejum. Sendo assim, nunca entre na furada de fazer dietas malucas. Confira, a seguir, outros fatores importantes que podem contribuir para o surgimento da halitose.
Estresse
Quem vive tenso corre o risco de liberar hormônios que inibem o funcionamento da glândula salivar. Quando a produção de saliva cai, as chances de desenvolver saburra lingual aumentam significativamente, colocando em risco o cheirinho da boca.
Quem vive tenso corre o risco de liberar hormônios que inibem o funcionamento da glândula salivar. Quando a produção de saliva cai, as chances de desenvolver saburra lingual aumentam significativamente, colocando em risco o cheirinho da boca.
Hábitos alimentares
Ao adotar uma dieta pobre em fibras (ou seja, com muitos produtos industrializados), a tendência é diminuir a mastigação. E como ela é a responsável por estimular a produção de saliva, o hálito novamente fica prejudicado.
Ao adotar uma dieta pobre em fibras (ou seja, com muitos produtos industrializados), a tendência é diminuir a mastigação. E como ela é a responsável por estimular a produção de saliva, o hálito novamente fica prejudicado.
Ingestão insuficiente de água
Ela é a matéria-prima essencial na produção de saliva. Por isso, quem bebe pouca água tem mais chances de desenvolver halitose.
Ela é a matéria-prima essencial na produção de saliva. Por isso, quem bebe pouca água tem mais chances de desenvolver halitose.
Distúrbios diversos
Entram nessa lista problemas estomacais, hepáticos, renais, intestinais (como prisão de ventre ou diarreia), diabetes, entre outros.
Entram nessa lista problemas estomacais, hepáticos, renais, intestinais (como prisão de ventre ou diarreia), diabetes, entre outros.
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