A mudar estilos de vida desde o século XV, wabi-sabi é a arte da beleza imperfeita, ou seja, dá-se valor à autenticidade, natureza e simplicidade, em detrimento da ostentação, alta tecnologia e design contemporâneo. Há quem diga que o wabi-sabi é o novo feng shui.
Regresso às origens
De inspiração japonesa, a arte do wabi-sabi surge naquele país oriental durante o século XV, numa clara oposição à riqueza e luxo emergentes. Intimamente ligado ao budismo zen, o wabi-sabi serve-se da sua base estética minimal e simples para transmitir energias positivas e uma certa espiritualidade para a casa e, principalmente, para os seus habitantes. O wabi-sabi defende que o nosso lar deve ser, acima de tudo, um santuário e não um local apetrechado de objectos, distracções e ruídos visuais. Os "wabibitos" (quem segue este estilo de vida) colocam de lado a procura constante pela perfeição e concentram-se na beleza das coisas tal e qual elas são; no conforto e no bem-estar que essa naturalidade transmite. No que toca ao wabi-sabi, menos é definitivamente mais.
Beleza óbvia vs. beleza singular
“Wabi” significa “coisas simples e frescas” e “Sabi” significa “coisas cuja beleza foi adquirida com a idade”. O conceito subjacente a esta arte secular é simples: encontrar beleza na imperfeição, ou seja, o wabi-sabi valoriza mais a beleza singular, aquela que é naturalmente bela; do que aquela que é obviamente bela, mas que foi artificialmente construída, por exemplo. Viver de forma modesta e aprender a sentir-se satisfeito com aquilo que tem depois de eliminado o supérfluo, é a filosofia do wabi-sabi. Aplicado à decoração, não difere muito deste conceito.
Decoração wabi-sabi em 13 passos
- Ambientes minimalistas, simples, orgânicos e modestos.
- Requerem-se espaços pouco cheios onde os artigos dominantes são exclusivamente os essenciais. Essa escolha é feita baseada na sua utilidade, beleza ou sentimentalismo (ou os três).
- A palete de cores da decoração wabi-sabi está assente no branco e nos tons terra.
- Privilegia-se o uso de materiais naturais (madeira envelhecida, pedra esfarelada, barro, lã, algodão cru, linho, caxemira, papel de arroz…) em vez de materiais artificiais e/ou luxuosos (plástico laminado, mármore polida, placa de vidro, porcelana, poliéster, licra…).
- Em termos de peças de decoração, aprecia-se as artes decorativas, mobília e elementos reciclados/reaproveitados, objectos feitos à mão e encontrados em feiras de usados, antiguidades e outras do género.
- A Mãe Natureza deve ser uma companhia constante e deve ser trazida do exterior para o interior sempre que possível: plantas e flores, de preferência do campo, e até ramos de árvore são bem-vindos. Neste contexto, a única “exigência” é que a flora utilizada seja da estação do ano em vigor.
- Proteger a casa contra o ruído, o que significa um melhor isolamento de portas e janelas, cortinados mais pesados, chão de cortiça, menos gadgets e electrodomésticos ou entãoprotectores para pousar as máquinas de lavar roupa e loiça.
- Organizar a casa de cima a baixo, deitando fora, reciclando ou doando o que está a mais; encontrar um lugar específico para cada coisa para manter a organização.
- Privilegiar a luz natural e a de velas em detrimento da iluminação artificial.
- Gosto especial por formas irregulares e que não têm necessariamente de combinar entre si (em termos de mobiliário também).
- Expor peças com alma, elevado simbolismo ou sentimentalismo: fotografias a preto e branco do casamento dos seus avós, lençóis e toalhas bordados pela sua mãe, uma escultura amadora feita pelo seu companheiro, um conjunto de pedras apanhadas à beira-mar ou um desenho colorido do seu filho.
- Criar um espaço pessoal que serve de refúgio e/ou de meditação.
13. Apreciar a imperfeição – a presença de arranhadelas e fissuras na mobília, portas ou objectos é considerado um símbolo da passagem do tempo e da forma carinhosa e natural com que foram utilizados. No ambiente certo, as peças gastas por anos de uso ganham uma magia inigualável e reconfortante, são companheiros de uma casa, testemunhos de uma vida.
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